SOU RESPONSÁVEL

Não fujo da realidade.
A vida continua;
não choramingo pelos cantos,
não deixo o espelho realçar
as olheiras no meu rosto.
Não me entrego ao isolamento.
As coisas que estão ao meu redor
me traz entretenimento.
Coloco minha forma física em dia,
mantenho ocupada com coisas úteis e interessantes.
Sou responsável
pela minha felicidade.
Luto pela minha existência.
Dou a minha vida
todo o significado possível que mereço.
Sinto fortalecida
e querida.
Consigo uma doce harmonia,
acordes envolventes
me conduz à poesia;
eu humildemente,
tento rasbicar.
As vezes rimando,
as vezes desencontrando.

**Ana Maria Gonçalves**


SEDE DE VIVER:

O som que vinha de longe
trazia a mais linda melodia.
Houve um grande silêncio.
Todos queriam escutar.

A água que descia das pedras
era a mais cristalina.
Trouxe uma grande sede.
Todos queriam beber.

O riso que vinha do alto
era o mais gostoso.
Trouxe uma grande alegria.
Todos queriam sorrir.

O brilho descendo do céu
era de estrelas.
Trouxe um grande clarão.
Todos queriam brilhar.

A dor que morava profundo
vinha do coração.
Trouxe a solidão.
Ninguém queria aceitar.

É fácil saber como nos escondermos
de nós mesmos.

"Do livro: A Cortina do Sol, de Fábio Rachid,
p. 70"