CHUVA DE AMOR

Estou radiante,
consigo atrair,
convencer
e encantar
as pessoas em geral.
Pressinto uma chuva
de convites, elogios, olhares de admiração.
Tenho todo o cuidado com a vaidade,
ela é prejudicial
a qualquer relacionamento.
Mantenho atenta aos acontecimentos.
Faço planos discretamente.
Uma calmaria me persegue.
Aproveito, não sou boba.
Tenho o dom de amar.
Amo e não cobro o amor.
Ele tem que acontecer,
tem de ser espontâneo.
Na minha vida, amo;
na minha dor,
reforço mais meu amor;
no meu prazer,
se torna um lazer;
no meu medo,
amo mais cedo.
Na minha coragem,
descubro o amor próprio
que faz parte do meu viver
e do meu entender.

*Ana Maria Gonçalves*

C A L M A R I A:

Prevejo uma calma angustiante,
no silêncio de mim mesmo,
no descanso pós eras passadas.
Venho de heróicas lutas,
de incríveis jornadas,
de vendavais de protestos,
de enérgicas vitórias,
ou no sofrer das derrotas,
no holocausto dos sonhos,
no perecer das ilusões.

Só, na lentidão dos passos,
no andar dos pés e da mente,
no caminhar rumo ao turbilhão
das recordações do agito social.
Prevejo o tempo comendo a vida,
assando-me nas brasas da emoção,
na mentira da guerra finda,
próximo da calmaria indesejada
de uma cadeira de balanço,
com desejos e sonhos inúteis.

"Livro: Emoções Por Inteiro, de Luiz Contart,
p. 86."