MUITA GARRA

Tento ser dedicada,
faço troca de experiência.
Prometi a mim mesma,
ser forte de maneira que nada
possa perturbar
minha paz de espírito.
Tenho o meu lar
um lugar
de muito amor.
Aqui não quero aflição
e nem egoísmo.
Quero saber caminhar
nessa vida de cada dia.
Que em cada amanhecer
nasça mais doação.

Não meço minha juventude
pelo meu físico,
mas pelo meu espírito.
Tenho a juventude no meu interior,
e não no meu rosto.
Faço tudo com muita garra,
não quero ser fraca
como as vidraças das janelas.

**Ana Maria Gonçalves**

POESIA DO ABSTRATO:

Poetisar as coisas vistas, concretas,
as matérias vivas e mortas, os seres,
os belos artefatos, como a faca, o livro,
é ode descritiva, como quer o Cabral.

Prefiro ser o poeta do invisível,
do sentimento, da alma, da saudade.
Poetizar o ideal, a tristeza, a dor.
Falar da alegria, do prazer, do pensar.

Os sentimentos brotam como a fé.
Revelam o interior do ser vivo.
Buscam a sensibilidade, a emoção
de odiar, de amar, de apaixonar.

É preciso sentir o gosto da gratidão.
Ouvir o silêncio, amar a liberdade.
Encarnar a bondade, revelar a timidez.
Descobrir o simplório, o sagaz, o justo.

Quero poetisar o honrado, o leal,
ver a virtude, a beleza da flor,
sentir o seu perfume romântico.
Quero agasalhar-me com amizades.

"Do livro: Emoções Por Inteiro, de Luiz Contart,
página 107".