Querido,
Quando você ouvir esta voz, saiba que não é apenas a voz de uma locutora
a ler um texto. Talvez seja até um ensaio, mas eu mesma tenho a sensação
de que os ensaios guardam as verdadeiras mensagens, pois as luzes e os
figurinos transformam e fazem parecer ficção aquilo que o coração
finge ser apenas um jogo de cena.
É... o coração é um fingidor... mais fingidor do que os poetas que, de
acordo com a pessoa, dizem fingir aquilo que deveras sentem! Quando você
ouvir a minha voz, que eventualmente nem lhe parecerá tão suave, saiba
que do fundo da minha garganta da porção mais doce das minhas cordas
vocais, do ponto mais profundo da minha alma, estará transbordando
um sentimento de amor.
Um sentimento de amor que talvez você nem reconheça como verdadeiro, de
tão habituado que está a escrever mensagens destinadas a tocar o coração
das pessoas, de pessoas sobre as quais você não conhece nada, nem a cor
dos olhos e muito menos o que ela guardará na memória de cada palavra
escrita ou ouvida. Mas, no entanto, esta carta é para tocar o seu próprio coração.
É para fazer com que você se sinta querido e amado, é para fazer com que você receba,
no seu ouvido, palavras que talvez você não imaginasse ouvir hoje.
E saiba, cada uma destas palavras irá acompanhada do meu tão hálito morno
como uma noite de verão, e tão fresco como uma folha de hortelã.
Tome esta mensagem como um beijo e sinta-se protegido pelos meus braços
longos, tão longos quanto os afagos que ainda espero fazer nas tuas costas
e nos teus cabelos. Você é belo!
De uma beleza estúpida e eventualmente inútil, pois raramente é
percebida. Mas eu senti em você esta luz, uma luzinha tímida, quase
disposta a se apagar. Eu não deixarei que isto aconteça, prometo.
E esta não é a voz de uma locutora, apenas.
UM BEIJO,
Marcia...
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