A emoção não se descreve bem,
Sente-se o seu flutuar no ser.
É a máscara caída da alma lúcida,
Sem disfarce, espontaneamente,
Deixando brotar tristezas reais
Ou nascerem alegrias emocionais.
A beleza das flores, das cores,
O azul do céu, o cantar das aves,
O ondular das cachoeiras brancas,
O verde do mar sem fim, imenso,
O choro do filho recém-nascido
Liberam emoções palpitantes.
Na lembrança de nossos mortos,
No cambalear dos meninos de rua
e das meninas prostituídas nuas,
Numa infância sem inocência,
Corrompidas pelo vil real
Fazem rolar lágrimas e dores.
O sacrifício da criança mutilada
Pela fria sanha do louco macumbeiro,
Saído do hospício da funesta ambição,
Visto pela imagem colorida da TV,
Nos amedronta, desguarnece a razão,
No silencioso momento dessa emoção.
É a ingratidão da vida humana,
No horror temperado com a dor,
Levando ao nada de uma existência,
Com a morte rondando o povo doente,
Crianças e velhos quase sucumbindo
No frêmito dos soluços em vão.
Ela, a emoção, a dominar o ser,
Trafegando solta no sentimento,
Gravitando nas cenas do dia a dia,
Entupindo veias, provocando infarto,
Lambendo as impurezas da revolta,
Nos versos que ela mesma inspirou.
A emoção do poeta flutua na mente,
Diante da impassibilidade do homem
De se dominar na dor e no desgosto,
De ver seres envolvidos pela miséria,
No pessimismo que embrutece e míngua
Até as emoções do protesto e da luta.
A emoção é inesperada, mas pródiga
Em reações intensas e breves do ser
No encontro com algo alegre ou triste.
Nem a inteligência vigilante do homem
Se impõe à emoção, inevitavelmente,
Gostosa ou danosa à vida do poeta.
(Luiz Contart e imagens do GOOGLE)
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